O rasga

Uma Dança Negro-portuguesa

José Ramos Tinhorão

O rasga: uma Dança Negro-portuguesa é uma obra poderosa que se ergue como um verdadeiro testemunho das raízes culturais que nos moldam. José Ramos Tinhorão, com seu olhar apurado e sua pena afiada, mergulha no entrelaçamento fascinante entre as culturas africana e portuguesa, entregando ao leitor um estudo profundo e apaixonante sobre a dança que não apenas entretém, mas também carrega em seus passos a memória e a resistência de um povo.

Ao longo de suas 96 páginas, o autor nos transporta para um universo onde cada movimento é um grito de liberdade, onde a música se torna uma forma de resistência e um elo entre as gerações. O rasga é mais do que uma dança; é a pulsação da história, uma celebração da identidade negra em terras portuguesas. Tinhorão revela o que o senso comum muitas vezes ignora: a riqueza cultural que emerge da mistura, do encontro de mundos que, à primeira vista, parecem opostos, mas que, na verdade, dançam juntos em uma harmonia vibrante.

Os comentários dos leitores ecoam a reverberação dessa obra; muitos ressaltam sua capacidade de despertar a reflexão sobre a relação entre tradição e modernidade, fazendo frente a uma sociedade que ainda luta contra preconceitos históricos. Alguns se encantam com a forma como o autor entrelaça a narrativa com a pesquisa acadêmica, resultado de um trabalho meticuloso que não se limita a contar história, mas convida à imersão. Outros, menos satisfeitos, argumentam que a obra poderia ter se aprofundado ainda mais em certas temáticas, destacando um desejo de ver a dança e suas histórias contadas com mais vivacidade.

No cerne do texto, o autor não apenas documenta, mas provoca. Ele faz você se sentir parte de uma dança ancestral, onde o corpo e a alma se conectam em um diálogo intenso. Ao ler, é impossível não ser tocado por um sentimento de pertencimento, uma vontade visceral de compreender a luta e a celebração que o rasga representa.

A história dessa dança entra em cena num período em que a identidade cultural é constantemente desafiada. O contexto histórico em que José Ramos Tinhorão escreve é crucial: o Brasil e Portugal, envolvidos em discussões sobre identidade e pertencimento, são repletos de resquícios de um passado colonial que ainda ecoa com força. O rasga emerge, então, como uma resposta, uma afirmação de que a cultura negra é parte indissociável da formação da identidade portuguesa.

As reações à obra mostram como ela é um convite à reflexão. O rasga: uma Dança Negro-portuguesa não se limita a ser um livro de dança, mas é um manifesto sobre a própria vida, um chamado à solidariedade entre culturas e uma celebração da diversidade. Tinhorão nos permite sentir a música, o ritmo e a emoção que pairam no ar - uma dança que não pede perdão, mas exige espaço, respeito e reconhecimento.

Ao dar voz a uma expressão cultural frequentemente silenciada, José Ramos Tinhorão não apenas educa, mas inspira uma nova geração a dançar com a história, a questionar seus próprios passos na sociedade e a se unir em um movimento coletivo que respeita e celebra as diferenças. Essa obra nos lança em uma jornada que, com certeza, deixará marcas indeléveis em nossa percepção do mundo.

Se você ainda não teve a oportunidade de se deixar envolver por essa dança poderosa, corra para conhecer! 🕺🏿✨️

📖 O rasga: uma Dança Negro-portuguesa

✍ by José Ramos Tinhorão

🧾 96 páginas

2005

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