O rei de havana
Pedro Juan Gutiérrez
RESENHA

O rei de havana, de Pedro Juan Gutiérrez, é uma obra que se desponta não apenas como uma narrativa, mas como um grito visceral que ecoa na memória de quem se atreve a mergulhar em suas páginas. Este romance, ambientado em uma Havana pós-revolução, transborda sensualidade, desespero e a crua realidade dos marginalizados, revelando as nuances de uma sociedade que oscila entre o esplendor e a miséria.
Neste cenário, vivenciamos a história de um ex-presidiário que retorna à sua cidade natal em busca de sobrevivência e redenção. Mas a redentora Habana não oferece um lar acolhedor; é uma selva de prédios em ruínas, onde a vida é uma batalha diária e onde a busca pelo prazer, muitas vezes, se confunde com o desespero. Os personagens de Gutiérrez são tão reais que saltam das páginas, desfilando suas vulnerabilidades e paixões em um tango cheio de dor e euforia. Cada encontro íntimo, cada tragédia pessoal é pintada com a tinta da verossimilhança brutal, uma marca registrada da prosa do autor.
Gutiérrez, um dos mais proeminentes representantes da literatura cubana contemporânea, utiliza uma linguagem que se desfaz em poesia, oferecendo ao leitor uma experiência sensorial quase hipnótica. A cena inicial, onde somos apresentados ao protagonista e seu retorno à Havana, é uma lufada de ar fresco que rapidamente se transforma em um vórtice de emoções. O sabor do rum, o calor do sol tropical e a fumaça dos cigarros se entrelaçam, criando uma atmosfera que cativa e enreda.
A obra não se esquiva de explorar questões complexas como a desigualdade, a sexualidade e o peso de um passado opressivo, trazendo à tona vozes de uma Cuba que muitos preferem ignorar. Os comentários dos leitores são uma montanha-russa de sentimentos: enquanto alguns são arrebatados pela visceralidade e honestidade crua da narrativa, outros se veem confrontados por cenas que desafiam os limites do conforto e da moralidade. "É um mergulho no abismo", diz um leitor; enquanto outro se encanta com a forma como Gutiérrez transforma a dor em beleza.
E é nesse choque que reside a magia de O rei de havana. Cada página é um convite ao leitor para refletir sobre as próprias convenções, para considerar a humanidade presente em cada um dos personagens, mesmo quando suas ações desafiam a ética. Gutiérrez, com a habilidade de um maestro, orquestra a miséria e a esperança em um único grande concerto de emoções, e nos obriga a sentir.
Sair ileso dessa leitura é uma missão quase impossível. A forma como o autor retrata o amor e o desejo, entremeado com a decadência e a luta pela sobrevivência, provoca uma reflexão sobre a própria essência da vida em sociedades marcadas por conflitos. Você, leitor, pode se sentir compelido a reavaliar suas próprias realidades e privilégios, e é essa transformação interna que torna essa obra um verdadeiro clássico contemporâneo.
Se você se atrever a entrar neste universo, lembre-se: O rei de havana não é apenas um livro; é uma experiência visceral que pode mudar a forma como você vê o mundo. Não fique de fora dessa jornada emocionante e impactante. Mergulhe nas páginas de Gutiérrez e descubra a pulsação da vida em Havana!
📖 O rei de havana
✍ by Pedro Juan Gutiérrez
🧾 184 páginas
2017
E você? O que acha deste livro? Comente!
#havana #pedro #juan #gutierrez #PedroJuanGutierrez