O REI QUASE MORTO

Conto satírico

Orlando Fernandes

O mundo de O REI QUASE MORTO é uma satírica e impactante viagem ao absurdo, como uma ferida aberta que grita por justiça, enquanto o riso e a crítica dançam numa coreografia insana. Orlando Fernandes nos apresenta um conto irresistível, destilando uma crítica mordaz à sociedade, suas hipocrisias e, especialmente, ao poder-um poder que não é mais que uma farsa, um grande teatro. Falar deste conto é adentrar em um universo em que a linha entre a realidade e o ridículo é tênue como a corda bamba de um malabarista em dia de tempestade.

Ao longo de suas breves páginas, Fernandes provoca risos nervosos e reflexões inquietantes. O protagonista, um rei em seu leito de morte, simboliza a decadência de um sistema que, mesmo em seu crepúsculo, tenta manter suas aparências. Aqui, o autor, com ironia afiada, nos mostra que há uma grande comédia em toda tragédia. Com diálogos cortantes e uma narrativa envolta em críticas sociais, a obra ilumina verdades que não querem ser vistas.

Os leitores são cativados, mergulhando em uma combinação de reflexão e humor que, como um efeito colateral inesperado, gera um desconforto quase palpável. As opiniões sobre a obra são diversas: muitos se encantam com a leveza da prosa, apontando que é uma leitura rápida, mas poderosa. Outros, no entanto, criticam a abordagem quase exagerada da sátira, sugerindo que, em alguns momentos, o autor pode ter perdido a linha entre a crítica construtiva e o deboche vazio. O que ressoa em cada um de nós é que, apesar das divergências, todos saem desta leitura se perguntando: até onde vai o poder? E o que fazemos nós, meros mortais, para desafiá-lo?

O contexto histórico em que O REI QUASE MORTO se insere é crucial. Publicado em 2017, em um Brasil assolado por crises políticas e escândalos que abalaram as estruturas da sociedade civil, o conto é um espelho de um tempo em que as instituições e figuras de autoridade se tornaram alvo de críticas ferozes. Fernandes, com uma astúcia incomum, reflete a indignação coletiva em forma de riso, permitindo que o leitor explore a futilidade do poder através das lentes do humor corrosivo. Sem dúvida, a obra se torna uma espécie de manifesto-não apenas pela desconstrução do rei, mas pela reafirmação da voz do povo.

Chegar ao final deste conto é como receber um soco no estômago. Você ri, mas depois percebe que está rindo de si mesmo, da sua condição, da condição da sociedade. Paradoxalmente, o humor se torna uma forma de resistência, e assim, as risadas se transformam em gritos de protesto. Nós não podemos nos calar.

Portanto, ao desvendar as camadas deste conto, o leitor é levado a um estado quase catártico, onde a crítica social se mistura a uma profunda reflexão sobre o futuro. Com O REI QUASE MORTO, Orlando Fernandes nos lança uma pergunta, um desafio: até que ponto você está disposto a rir e, ao mesmo tempo, resistir? O que você faz quando o teatro da vida se torna uma farsa? Não perca a chance de descobrir por si mesmo!

📖 O REI QUASE MORTO: Conto satírico

✍ by Orlando Fernandes

🧾 6 páginas

2017

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