O romance estilhaçado
La vida en las ventanas, de Andrés Neuman e Berkeley em Bellagio, de João Gilberto Noll
Ivana Ferigolo Melo
RESENHA

O romance estilhaçado: La vida en las ventanas, de Andrés Neuman e Berkeley em Bellagio, um título que, por si só, já provoca um turbilhão de emoções. A obra de Ivana Ferigolo Melo não apenas entrelaça duas narrativas, mas também reverbera a fragilidade da condição humana frente ao universo caótico. Através de uma prosa afiada e envolvente, Melo nos transporta para um mundo onde a estética da fragmentação torna-se metáfora da busca por identidade e pertencimento em um mundo que parece desmoronar.
Os ecos de um romance despedaçado não são apenas literários, mas também sociais. Neuman e Noll trazem à tona questões profundas sobre a vida e a condição humana, fazendo com que cada página lida seja como uma janela que se abre para outras realidades, outras possibilidades. As configurações das narrativas permitem ao leitor uma imersão quase visceral, onde os estilhaços de histórias se tornam um mosaico repleto de significados.
Melo explora a dualidade das experiências humanas, onde a melancolia e a esperança caminham lado a lado. La vida en las ventanas, por exemplo, sugere uma perspectiva em que os sonhos e desilusões se entrelaçam, questionando o quão distante estamos da vida que almejamos. Isso gera um convite ao leitor: não é apenas o personagem que se pergunta sobre a sua realidade; é você, querido leitor, que deve enfrentar suas janelas internas e refletir sobre seus próprios anseios e frustrações.
Esta obra já provocou opiniões fervorosas entre críticos e leitores. Alguns a aclamam como uma verdadeira obra-prima da literatura contemporânea, ressaltando a habilidade de Melo em fundir vozes distintas com sutileza e profundidade. Outros, no entanto, demonstram ceticismo, chamando a narrativa de confusa e dispersa. A verdade é que essas diferentes percepções enriquecem o debate literário, trazendo à tona a essência da leitura: o fato de que cada um de nós carrega sua própria ótica e bagagem emocional.
O panorama histórico em que a obra está inserida, embora não explicitamente abordado, ecoa as agitações sócio-políticas que marcam o Brasil e a América Latina. Esse contexto acentua a urgência das histórias que permeiam as páginas de Melo, fazendo com que ressoem mais forte em um mundo que busca respostas, mas que por vezes parece estar atolado em indagações.
Ao final, O romance estilhaçado te faz sentir uma montanha-russa de emoções: do riso à lágrima, da esperança à desilusão. É uma condução por paisagens internas tão ricas que provoca um desejo incontrolável de reflexão. O que está em jogo não é apenas a história contada, mas a sua própria história que se entrelaça com as narrativas ali apresentadas. Você pode correr o risco de ser estilhaçado junto com os romances que não se sustentam, ou, ao contrário, descobrir que por trás de cada fragmento há uma peça que falta em nosso próprio quebra-cabeça emocional.
Esse livro é uma verdadeira chamada à ação: olhe pelo vidro embaçado da sua própria janela. O que você veria? 🤔
📖 O romance estilhaçado: La vida en las ventanas, de Andrés Neuman e Berkeley em Bellagio, de João Gilberto Noll
✍ by Ivana Ferigolo Melo
🧾 272 páginas
2013
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