O velho, o menino e o burro
La Fontaine
RESENHA

O velho, o menino e o burro é uma fábula que transcende suas 32 páginas e se estende profundamente pelas veias da moralidade humana. La Fontaine, o magistral narrador de fabulações, nos convida a mergulhar num universo onde a inocência da infância encontra a sabedoria da velhice, tudo isso entre os sons suaves de um burro que traz mais do que simplesmente um transporte.
🎭 Ao longo das páginas, somos apresentados a uma jornada que, embora simples, esconde uma complexidade deliciosa. Com a sutileza que caracteriza suas fábulas, La Fontaine nos provoca a refletir sobre os dilemas e escolhas que moldam nossa existência. O velho, carregando as bagagens de uma vida cheia de experiência, e o menino, que aflora a ingenuidade da juventude, trazem à tona a dualidade do ser humano: a luta entre a tradição e a mudança, entre o que já foi e o que pode vir a ser.
Os leitores se veem imersos em um enredo onde cada diálogo e cada gesto ecoam através dos séculos, revelando uma universalidade que toca não só a razão, mas principalmente o coração. Através de personagens tão distintos, La Fontaine ensina que, muitas vezes, a opinião alheia pode se tornar uma prisão que nos impede de agir com autenticidade. O menino e o velho, por sua vez, representam a voz da conformidade versus a voz da liberdade.
💡 Com um toque de humor, mas também uma pitada de crítica social, esta obra serve como um espelho distorcido da sociedade, impelindo o leitor a questionar sua própria visão de mundo. Seria uma fábula apenas para crianças ou uma lição sobre a vida que apenas a maturidade poderia ensinar? O conflito da narrativa vai além de sua simplicidade textual e toca num ponto sensível da condição humana - o medo da rejeição e da alienação.
É fascinante como La Fontaine, em seu estilo irreverente, não tem medo de colocar as idiossincrasias da humanidade em questão. Ao longo da fábula, observa-se que tanto o menino quanto o velho são influenciados pelas expectativas do outro, e é aí que reside uma dolorosa ironia: a busca incessante por aprovação pode levar à perda de essência.
As opiniões dos leitores revelam um espectro de emoções. Alguns se veem tocados pela nostalgia da pura inocência que a criança representa, outros se surpreendem com as verdades duras que a fábula expõe sobre a experiência. Uma crítica, aliás, sugere que a obra, ao retratar um papel tão clichê da sabedoria, poderia explorar ainda mais a complexidade dos personagens. Porém, essa simplicidade é, na verdade, o que torna a obra uma poderosa reflexão sobre a dualidade de nossos próprios papéis na vida.
🔍 Em tempos onde a individualidade é frequentemente negligenciada em favor de normas sociais, "O velho, o menino e o burro" reveste-se de uma nova relevância. A história não é apenas uma fábula, mas uma provocação que nos instiga a perguntar: quem somos nós? Quão longe vamos para agradar a multidão, e a que custo?
Ao encerrar essa leitura, uma certeza permanece: a obra de La Fontaine não apenas entretem, mas também instiga uma profunda transformação interna. É um convite a não apenas ler, mas a viver e questionar. Ao final, cada um de nós pode identificar-se com o velho, o menino ou o burro, ou quem sabe, um pouco de cada um. E assim, a fábula se torna uma viagem emocional poderosa, cheia de lições que ressoam por toda a vida. 🌟
📖 O velho, o menino e o burro
✍ by La Fontaine
🧾 32 páginas
2012
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