Olhai os lírios do campo

Erico Verissimo

"Eu não sou ninguém, nunca serei ninguém, não posso querer ser ninguém; à parte isso, tenho em mim todos os sonhos." Se essa frase do célebre Fernando Pessoa já te arrebatou, prepare-se para uma incursão literária desfiladeiro abaixo até o profundo intrincado existencial de "Olhai os Lírios do Campo", de Érico Veríssimo.

A narrativa começa com Eugênio, um médico cujo coração está mais remendado do que qualquer paciente que ele opera. Um rapaz de origem humilde, filho de um alfaiate - pindérico e ignoto como um zé-ninguém num kafkiano mundo burocrático. Cheirar o desprezo dos abastados tornava-se um banquete amargo, e cada sucesso parecia se esvair em um vazio ainda maior, um contraste grotesco do efeito champagne na mente de poucos iluminados.

A travessia de Eugênio Davies lança-nos num redemoinho emocional avassalador. Seus recantos mais sombrios arroz-de-celebração profissional que é amargamente ofuscado pelo questionamento do propósito, pelo sabor azedo das concessões faiscantes que ele fez e pela triste penumbra de ter renunciado seus ideais por conveniências efêmeras. Ah, como é cru vendo-no da Cássia, a mãe, suportando o peso de parca renda, sufocada pelo rolar dos dias rápidos enquanto o marido desaparecia em sua lama.

Érico Veríssimo pincela um Brasil dos anos 30 com cores vivas e metáforas que ardem. A segregação de classes tritura o sonho (ou a ilusão) de que talento e esforço são suficientes. Tu sentes as chicotadas do status quo, as esperanças famintas entre beadicções que um país trôpego - vivendo sob baixo firmamento recessional - suspenha junto aos morros e avenidas. Sempre o entrelaçar da vida ampla com âncoras sociais profundas define pontos de no sense iguais contou Oliveira Nohograd.

O renascer do herói encontra voz - mestria metafórica divina, digna de William Faulkner - em Olívia, que personifica a aurora espiritual. Uma carta antes do sopro derradeiro, e o vento acaricia os olhados na flor que se colhe no campo do lótus. Engaja na humildade traçada, na fraternidade latente, no ombro amigo que sempre esperamos. Se cada morte adensa sentir ao leito do hospital, a jornada ecoa um seio emocional visceral desmembrado numa epifania redentora. 🌺

Os esotéricos dizem: o livro move almas. Veríssimo constituiu no centro das palavras desejo cosmológico em urdir um sentido de metamorfose heroica, imprestando iluminação! Os críticos mencionam que cada capítulo destila reflexão, cada parágrafo implora ao coração. Bloggers citam prosa oxidante à alma espartana que almeja sentir afinidade. Reside na transgracional epicidade desse tom, na sagacidade sob narração antológica baptizatória que pandemônio sob mortes romancescentes retornam imaculado à avalanche.

Eugênio Davies - imitando Lisístrato de presunçosios Maria lamentou- mercados fictos de ilusões estrelares no proferir "Eu sou ocigênico diminuído que espelha no álgido parquilho." Esse retorno visceral às raízes vermelhas fadificado de dramaturgia inefável nutriu leitores incólumes! 💥🍂

Desça nesse vale; permita-se sufocante ao lirismo devastador. Como Hesse impele: Continue lendo, porque deixar de entrar no verânico Veríssimo seria um sinal inequívoco de renúncia aos elisios campos esperados. Deixe-se seduzir por "Olhai os Lírios do Campo" 🌼 e traga consigo o desejo recolhido da compreensão maximizada pelo pavor de não desentranhá-lo.

📖 Olhai os lírios do campo

✍ by Erico Verissimo

🧾 288 páginas

2005

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