Operação Condor
Carlos Heitor Cony
RESENHA

No auge da turbulência política e social que paira sobre a América Latina, Operação Condor se apresenta como uma obra contundente, capaz de despertar a reflexão sobre os horrores do passado e as sombras que ainda se projetam sobre o nosso presente. Carlos Heitor Cony, com maestria e uma caneta afiada como uma espada, nos coloca frente a frente com os fantasmas da ditadura, revelando não apenas a dor e o sofrimento de um povo, mas também a luta pelo poder e a manipulação que, como uma serpente, se esgueira nas entranhas do continente.
O livro mergulha em um dos períodos mais sombrios da história da América do Sul, quando regimes repressivos se uniram em uma rede de terror e violência, uma verdadeira caçada aos dissidentes. Cony não apenas narra, ele incendeia a narrativa com personagens vibrantes e situações que cortam como lâminas, fazendo o leitor sentir a cada página a tensão e o desespero. Você sente o frio na espinha ao acompanhar a trajetória de homens e mulheres que ousaram desafiar um sistema opressor. Os destroços de vidas destruídas e esperanças esmagadas estão ali, expostos à luz como feridas que nunca cicatrizam.
Os comentários dos leitores são um reflexo acentuado da experiência que a obra proporciona. Muitos destacam a forma contundente com que Cony aborda o tema, sem jamais suavizar a dureza da realidade. Há, no entanto, vozes críticas que apontam uma certa falta de profundidade em alguns personagens secundários e na trama em si. Mas, é exatamente essa controvérsia que faz com que a leitura seja ainda mais instigante. Ao propagar a discussão sobre os limites da ficção e a história, Operação Condor se torna um diálogo em si, um convite à reflexão e à análise.
Através de uma prosa que se desdobra em poesia e realidade crua, Cony também nos apresenta um espelho, mostrando como o controle e a manipulação se entrelaçam nas estruturas sociais. É inegável a sensação de que, ao virar uma página, nós, leitores, somos convocados a não apenas testemunhar, mas a nos posicionar. Se parque de diversões emocional por um lado, é um campo de batalha ideológico do outro. As emoções que brotam são intensas: revolta, tristeza e um ímpeto quase visceral de ignorar os erros do passado.
Este é um livro que não tem o poder de oferecer respostas fáceis, mas que demanda de você, leitor, uma entrega total à verdade - uma verdade que é muitas vezes dolorosa, mas necessário para que, como sociedade, possamos avançar. Em um mundo onde esquecemos rápido demais as lições aprendidas, Cony, com sua capacidade ímpar de escrita, é um farol que nos alerta: o passado não está morto; ele vive em nós.
Assim, ao terminar a jornada de Operação Condor, você pode se ver agitado, não apenas por aquilo que leu, mas pela provocação que ressoa muito além das páginas. É como se a história estivesse viva, pulsando sob nossas pele, nos instigando a não esquecermos - para que nunca mais repitamos os erros que nos custaram tanto. E se, ao final, você não conseguir pensar em mais nada, exceto na necessidade urgente de nunca deixar que isso se repita, então Carlos Heitor Cony terá cumprido sua missão. ✊️
📖 Operação Condor
✍ by Carlos Heitor Cony
🧾 416 páginas
2019
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