Os demônios
Fiódor Dostoiévski
RESENHA

O que faria se a sua moral estivesse em xeque, desafiada pelas circunstâncias mais sombrias? Ao abrir "Os Demônios", de Fiódor Dostoiévski, você se confronta com um turbilhão avassalador de paixões, ideologias destruidoras e almas em combustão.
Nas entranhas da Rússia czarista, nossos sentidos são arrebatados por personagens desesperadamente vivos. Estás preparado para adentrar numa realidade onde as melhores intenções desandam em tragédias? São demônios próprios, internos, que corroem cada fragmento da racionalidade e da fé. A inspiração para esses tormentos humanos vem da própria penumbra vivida por Dostoiévski: seroa seu exílio na Sibéria e flerte com o radicalismo.
Virgínia Woolf certa vez descreveu a obra de Dostoiévski como "insistentes devastações na alma humana". É desse violento questionamento que surgem Pyotr Verkhovensky e Nikolai Stavrogin, figuras centrais que fervilham em contradições, ambições e perversidades.
No âmago de "Os Demônios" pulsa a crítica feroz a um nicho geracional de revolucionários que acreditam poder redesenhar o mundo pela base do caos. Seremos iludidos pelas promessas de um renascimento utópico ou aterrorizados pela potencial desordem que se derrama pelas folhas do livro? Este combate entre ordem e caos transpira visceralmente por cada página, sacudindo e eletrizando nossos próprios valores.
Lembrando Guy de Maupassant que sofria de depressões radicais durante o processo de criação de suas antológicas novelas, emergimos à constatação de que o peso dos personagens de Dostoiévski coava evidentemente dos demônios pessoais do próprio autor. 🌑
Críticas acentuadas denigrem "Os Demônios" como um desfile de niilismo e extremismo. No entanto, esses elementos painelam genialmente a faceta ciclópica de Dostoiévski: explorar cada paranoia, cada vício e cada devaneio do espírito humano num caleidoscópio de fogo. Quem leu e se rendeu? Leon Tolstói encontrou aqui as sementes de suas ardentes reflexões sobre moral e psique humana.
E, por incrível que pareça, esta não é apenas uma viagem até o passado russo. Quem dera fosse! Olga Dovlatova, durante a Revolução Russa, transcreveu a caótica busca por sentido e poder teorizada em "Os Demônios" como a genoma destrutivo dos dias que caracterizaram o surgimento do regime soviético.
Esse não é, portanto, apenas um conto de terror psicológico. É um espelho espatifado das nossas próprias fraquezas. Cada pequena história dentro da obra parece nos acusar diretamente de sermos nossos próprios inimigos. E ao nos posicionarmos perante este espelho, vemos refletida a sombria e inescapável luta entre nossa santidade e nossos vícios. A benção amaldiçoada de Dostoiévski é nos abençoar com os pesadelos de cada perversão possível em nosso âmago, inquietando-nos até à medula do nosso ser. 🔥
Então, tua alma está pronta para mais essa aferição? Para carregar em teus olhos o peso sombrio e fulgurante dos dramas humanos mais intensos? Surpreende-te ao conhecer, ou revisitar, essa magnitude literária que retumba como trovão e queimar-te-á as entranhas. Sessize a superbividade de Dostoiévski, um vigia do inferno que oferece às suas páginas o convite irresistível à eternidade. 🌌
Diante disso, resistir é não existente. Se renda agora às seduções abissais de "Os Demônios".
📖 Os demônios
✍ by Fiódor Dostoiévski
🧾 704 páginas
2012
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