Os livros que devoraram o meu pai
Afonso Cruz
RESENHA

A literatura é uma arena onde emoções e realidades se chocam, e Os livros que devoraram o meu pai, de Afonso Cruz, mergulha de cabeça nesse embate. Este não é um mero conto infantil; é um grito visceral pela magia das palavras e o poder transformador da leitura. Ao explorar a curiosa relação entre um pai e seus filhos, Cruz nos convida a enxergar o ato de ler como uma experiência quase mística, capaz de devorá-los, como os próprios livros que habitam suas prateleiras.
O autor, um talentoso criador português, já se destacou com sua prosa poética e imaginativa, e aqui, não decepciona. Ele tece uma narrativa envolvente, quase hipnótica, que traz à tona questionamentos profundos sobre a identidade e a influência das histórias na formação do ser. Os livros se tornam personagens, devoradores de realidades, moldando as vidas dos protagonistas de maneiras inesperadas. Essa relação simbiótica entre leitores e textos é um convite irresistível à reflexão: o que realmente estamos consumindo quando lemos? E, mais importante, o que deixamos de lado nesse processo?
A simplicidade da escrita de Cruz contrasta com a profundidade das questões que levanta. Aliás, essa é uma das marcas registradas do autor: fazer o leitor rir, chorar e, acima de tudo, pensar. Ao longo das páginas, ele nos apresenta um pai que, por meio de suas leituras, transforma seu lar em um espaço onde a realidade e a fantasia se entrelaçam de forma fascinante. O resultado é uma história que ressoa com qualquer amante de livros e, ao mesmo tempo, provoca aqueles que acreditam que a leitura é apenas uma atividade lúdica.
Os comentários dos leitores corroboram essa experiência única. Muitos destacam a capacidade de Cruz em evocar sentimentos complexos com uma linguagem acessível, tornando a obra tanto uma leitura prazerosa quanto reflexiva. Porém, não faltam críticas. Alguns leitores apontam uma narrativa que pode parecer confusa em determinados momentos, mas quem se permite entrar no jogo do autor rapidamente percebe que essa ambiguidade é, na verdade, um dos maiores encantos do texto.
É um desdobramento de emoções que se inverte a cada virada de página, levando o leitor a um estado quase de transe. Afonso Cruz, com suas narrativas sensíveis, não escreve apenas histórias; ele abre portas para universos e nos desafia a reconhecê-los. Como um semeador, ele nos força a questionar: somos nós que lemos ou somos lidos? É uma questão que ecoa e nos desafia a seguir buscando mais respostas nas páginas da vida.
Se você ainda não se rendeu ao encantamento de Os livros que devoraram o meu pai, talvez esteja prestes a perder uma das experiências literárias mais impactantes de sua vida. Cruz não nos promete apenas uma leitura; ele nos entrega um banquete de ideias e sentimentos que irão ecoar em sua mente muito após a última página ser virada. A obra é um chamado - não apenas para mergulhar na literatura, mas para entender o quão profundamente a narrativa pode moldar quem somos. O que mais poderia ser mais poderoso do que isso?
📖 Os livros que devoraram o meu pai
✍ by Afonso Cruz
🧾 112 páginas
2019
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