Os vivos, o morto e o peixe-frito
Ondjaki
RESENHA

Os vivos, o morto e o peixe-frito é uma obra-prima que nos catapulta para as profundezas da alma humana e as nuances dos relacionamentos. Ondjaki, com seu olhar profundo e poético, entrelaça as vidas de seres tão distintos, nos fazendo refletir sobre a finitude e a vida que pulsamos a cada dia. O autor, nascido em Luanda, traz à tona uma herança rica em tradições e histórias, que reverberam nas páginas do livro, um alegado costurador de mundos que se encontram e, por vezes, se separam.
Neste livro, somos convidados a acompanhar a jornada de personagens que dançam entre a realidade e a ficção. A narrativa flui como um rio, levando-nos a lugares inesperados, enquanto Ondjaki explora a vida em sua forma mais crua e viva. O peixe-frito, que pode parecer apenas um simples prato, torna-se um símbolo poderoso das experiências e das memórias que nos moldam. Um convite à conexão, à empatia e, por que não, à refeição compartilhada, que nos une em coletividade.
Os leitores se encontram divididos sobre a abordagem de Ondjaki. Enquanto alguns exaltam a forma como ele costura o cotidiano com elementos poéticos, outros consideram que sua narrativa, em alguns momentos, possa soar um tanto enigmática. O encanto, porém, está justamente nas nuances. "Os vivos, o morto e o peixe-frito" não fornece todas as respostas, mas provoca questionamentos que ecoam longamente nas mentes de seus leitores. O mistério e a emoção são seus maiores aliados, além de uma prosa que, com sutileza, nos envolve e nos faz pensar.
Na construção deste mundo, Ondjaki não se esquiva de abordar questões delicadas como a morte e os rituais que a cercam. Ele não apimenta a morte com desespero; ao contrário, ele nos ensina que existe beleza até mesmo nas transições mais sensíveis da vida. A vivacidade de suas descrições faz com que ao lermos, possamos sentir o cheiro do peixe frito, ouvir os sussurros das almas que vagam e, às vezes, até acreditar que podemos nos infiltrar nesse limiar entre a vida e a morte.
Por meio de sua escrita, Ondjaki nos impulsiona a aceitar as transições, a celebrar os momentos de alegria e a lamentar as perdas de forma saudável. Seus personagens são redondos, complexos, e a interação deles é como o entrelaçar de uma tapeçaria vibrante, onde cada cor e cada fio têm um papel a desempenhar.
A época em que a obra foi escrita também é crucial para a compreensão de sua profundidade. O autor nos traz uma perspectiva angolana rica e singular, e a forma como explora os costumes e a cultura local nos força a um confronto com a nossa própria realidade. É um espelho que reflete tanto as fragilidades quanto as belezas da condição humana.
Em suma, Os vivos, o morto e o peixe-frito é mais do que uma simples história; é um convite à reflexão, um mergulho nas profundezas do ser e um grito pela apreciação da vida em suas mais diversas facetas. Não se deixe enganar por sua aparente simplicidade; esse livro é uma ode à existência, uma celebração a cada pequeno gesto que fazemos no dia a dia. E, se você se permitir, notará que a obra de Ondjaki transforma os momentos mais triviais em preciosidades memoráveis. Uma leitura que pode muito mais do que desafiar sua mente; pode, de fato, tocar seu coração. 🌊✨️
📖 Os vivos, o morto e o peixe-frito
✍ by Ondjaki
🧾 136 páginas
2015
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