"Por meu trabalho, serviço e indústria"
Histórias de africanos, crioulos e mestiçados nas Minas Gerais, 1716-1789
Eduardo França Paiva
RESENHA

Falar sobre "Por meu trabalho, serviço e indústria" é adentrar em um mundo onde a história pulsante de africanos, crioulos e mestiçados nas Minas Gerais entre 1716 e 1789 se revela em cores vibrantes e nuances obscuras. Eduardo França Paiva, com sua pena afiada e conhecimento profundo, nos transporta a um período de grandes contrastes e lutas, onde a resistência e a construção da identidade são enredos inegáveis.
Nessa obra monumental, somos desafiados a confrontar as enormes cicatrizes que a escravidão e a desigualdade deixaram em nosso tecido social. Rompendo com narrativas simplistas, Paiva mergulha em relatos que nos obrigam a olhar para a complexidade da vida dessas populações. O traço autobiográfico dos personagens traz à tona emoções cruas e intensas. Há alegria nas pequenas conquistas, mas também a dor lancinante de uma existência marcada pela opressão. É quase impossível não se sentir como um testemunha ocular desses momentos significativos.
Vale destacar que a pesquisa meticulosa de Paiva não serve apenas como um recurso intelectual; ela é uma verdadeira exploração emocional das vidas que, para muitos, permanecem esquecidas. Os leitores, ao se depararem com a narrativa, frequentemente mencionam como se sentiram tocados, e até revigorados, pelas histórias que cruzam a fronteira do tempo. A indignação se transforma em empatia, e a culpa em vontade de mudança. Esse é o poder devastador deste livro.
Criticado por uns e aclamado por outros, a obra gera debates acalorados. Alguns argumentam que a densidade das informações pode ser por vezes opressora, enquanto outros exaltam isso como uma riqueza rara. Um leitor chegou a dizer que a leitura é como "um soco no estômago", isso porque Paiva não se esquiva das verdades mais sombrias de nossa história. E é exatamente aí que reside a genialidade da obra. Ao trazer à luz os desafios enfrentados por esses grupos, ele nos obriga a refletir sobre nossa própria história e o papel que desempenhamos na perpetuação ou na superação das injustiças.
É impossível não traçar um paralelo com os desafios que ainda enfrentamos atualmente. As vozes que ecoam através das páginas são, em muitos aspectos, um chamado ao despertar social. O trabalho, o serviço e a indústria que moldaram Minas Gerais também estão intrinsecamente ligadas a uma luta maior pela igualdade que ainda se concretiza a cada dia nas ruas e nas mentes do nosso povo.
Com uma abordagem que se debruça sobre aspectos sociais e econômicos, Paiva nos oferece não apenas uma história, mas uma reflexão sobre o que significa ser parte de um todo complexo, onde cada um de nós carrega a responsabilidade de fazer melhor. A urgência das histórias que conta nos toca profundamente e, por isso, é um livro que você, leitor, não pode deixar passar.
Direto e direto ao ponto: "Por meu trabalho, serviço e indústria" não é apenas uma obra; é um convite à revolução interior. É uma leitura que incendeia a necessidade de mudança e desobedece ao silêncio que muitos tentam colocar sobre as vozes das minorias. Se você quer entender nosso passado e, por extensão, nosso presente, mergulhe nesta obra extraordinária. O que está esperando?
📖 "Por meu trabalho, serviço e indústria": histórias de africanos, crioulos e mestiçados nas Minas Gerais, 1716-1789
✍ by Eduardo França Paiva
🧾 479 páginas
2022
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