Sertaneja, Grande Cidade Pequenina
D'ori Vergalhão
RESENHA

Mergulhar no universo de Sertaneja, Grande Cidade Pequenina é como adentrar em um caleidoscópio de emoções e experiências, uma jornada que pulsa com a força da cultura e da vida rural brasileira. D'ori Vergalhão traz a tona as histórias de um sertão que, por vezes, é esquecido no frenesi das grandes cidades. O autor nos oferece um retrato vívido das contradições entre a simplicidade do campo e a complexidade das metrópoles.
A narrativa é um convite. Um convite para sentir o cheiro da terra molhada após a chuva, ouvir o canto dos pássaros de manhã e, ao mesmo tempo, perceber o som ensurdecedor dos carros que não param nas ruas das grandes cidades. É esse contraste que provoca um estado de reflexão sobre nossas próprias vidas e escolhas. Verdadeiramente, a obra se desdobra em camadas ricas que desafiam o leitor a se posicionar: quem somos nós, realmente, em meio a essa dicotomia?
Os leitores se dividem em suas opiniões, alguns engrandecendo a forma como Vergalhão captura a essência do sertão e outros arguindo que a obra poderia aprofundar mais as suas narrativas. Contudo, cada crítica é uma prova de que a obra já ecoa em corações e mentes, provocando diálogos e reflexões. Essa interatividade entre autor e leitor é um dos pilares que enriquecem a literatura. Portanto, mesmo as vozes divergentes contribuem para que a obra cresça e se fortaleça.
Se o sertão é uma voz feminina forte e resoluta, a cidade é um monstro insaciável, avassalador. Vergalhão faz com que suas páginas não sejam apenas palavras, mas um grito da terra, uma celebração da cultura genuína que resiste ao tempo e à modernidade. Ao explorar a vida cotidiana, a obra nos brinda com passagens de vida, perdas, ganhos e a eterna busca por propósito, que todos podemos entender; afinal, quem nunca se sentiu pequeno diante da imensidão de uma cidade?
As histórias que permeiam Sertaneja, Grande Cidade Pequenina não são meramente ficção. Elas ecoam a luta, a garra e a determinação de muitos que deixaram suas raízes em busca de novas oportunidades. Essa busca, por outro lado, muitas vezes vem acompanhada de um vazio existencial. Vergalhão, em sua habilidade como contador de histórias, permite que o leitor sinta essa batalha interna, misturando alegria e melancolia a cada linha.
O autor, de forma magistral, provoca um tsunami de emoções - desde a saudade que nos toma ao lembrar da casa da infância até o anseio pelo que é desconhecido e iluminador. E, ao final de sua leitura, você não poderá escapar do eco da pergunta: será que a grande cidade será, um dia, uma verdadeira casa?
Apropriar-se de Sertaneja, Grande Cidade Pequenina é como encontrar um amigo em um lugar inesperado. A conexão é instantânea, visceral e parece prometer uma reflexão que ficará gravada na sua memória - um convite à introspecção. A partir disso, renova-se a consciência sobre nossa própria trajetória, nossas escolhas, nossos amores e, especialmente, sobre nossas raízes. Pode-se afirmar que a obra de D'ori Vergalhão não apenas conta histórias - ela transforma cada leitor, criando fissuras no cotidiano, que clamam por reavaliação e conexão verdadeira. Em suma, não pode faltar na estante de quem busca entender a própria essência em meio ao caos.
📖 Sertaneja, Grande Cidade Pequenina
✍ by D'ori Vergalhão
🧾 98 páginas
2022
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