Sono
Haruki Murakami
RESENHA

Em uma noite densa como a escuridão que precede o amanhecer, Sono de Haruki Murakami emerge como um portal para a inquietante paisagem da psique humana. Através de suas páginas, você não apenas lê; você flutua em um estado de hipnose, onde o tempo se desdobra como um origami de memórias e sonhos não sonhados. Neste universo onírico, a protagonista se vê aprisionada em um ciclo torturante de insônia, uma condição que ecoa a solidão e a alienação de muitos de nós.
Murakami, com sua prosa límpida e hipnotizante, transcende um simples relato sobre a falta de sono. Ele mergulha na fragilidade do ser humano, trazendo à tona a angustiante busca por significado em um mundo que parece ter perdido o rumo. O sono é mais do que descanso; ele é a porta que nos leva a novas dimensões, a possibilidade de libertação da dor existencial. No entanto, quando essa porta se fecha, o que resta é a inquietação e a dor de um espírito que não encontra repouso.
Os comentários dos leitores revelam uma polarização fascinante. Alguns se encantam com a sensibilidade e a profundidade da obra, enquanto outros se sentem perdidos e frustrados, anelando por uma narrativa mais concreta. Contudo, é exatamente essa ambiguidade e a capacidade de provocar uma reflexão profunda que fazem de Sono uma experiência literária poderosa. Murakami não entrega todas as respostas, mas te força a confrontar suas próprias sombras.
Em sua narrativa, ele evoca ecos de Kafka e Dostoiévski, pincelando um quadro de desesperança e iluminação. É impossível não sentir o peso dos sonhos desfeitos e as esperanças desvanecidas. Lidar com a insônia se torna um ato de resistência, uma batalha constante contra as forças que tentam nos fazer sucumbir à indiferença do cotidiano.
Situada em meio a esse cenário, a personagem principal enfrenta uma escolha visceral: ceder à loucura ou lutar contra a opressão do presente. A luta interna dela ressoa com todos nós, que em algum momento já nos vimos à mercê de nossos próprios demônios. É nessa luta que Murakami brilha; ele transforma a dor em poesia, a angustiante busca por significado em uma obra que clama por ser compreendida.
É impossível ler Sono e não sentir a necessidade premente de revisitar o texto, descobrir novas camadas na narrativa. A obra não é apenas um relato sobre os efeitos da insônia; é um convite à introspecção, uma chamada para você se confrontar com seus medos, suas angústias e, principalmente, com a sua própria humanidade.
Se você está à procura de uma leitura que te faça questionar sua própria existência e o papel do sonho na vida, Sono pode ser a resposta. Mas cuidado! Essa experiência literária pode deixar marcas profundas na sua alma, uma sensação de que você, assim como a protagonista, está sempre à beira de um abismo que te fascina e assusta ao mesmo tempo. 🌌✨️
Não se deixe enganar pela simplicidade do tema. Murakami, como um maestro, rege uma sinfonia de emoções, uma dança entre a lucidez e a escuridão. O que você encontrará aqui é um chamado para explorar a vastidão do seu inconsciente; uma jornada que, tenho certeza, você não vai querer perder.
📖 Sono
✍ by Haruki Murakami
🧾 118 páginas
2015
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