Também guardamos pedras aqui
Luiza Romão
RESENHA

Mediterrâneo pós-Tempestade: "Também guardamos pedras aqui", de Luiza Romão, é um chacoalhão para a mente e o coração. Em apenas 64 páginas, a autora conseguiu cristalizar uma narrativa que desafia as leis da gravidade emocional.
Apresentando-se como um ato de resistência em verso e prosa, Romão te arranca pela jugular e te força a confrontar a inércia da existência cômoda. A trama está mais preocupada em desmascarar do que em conformar, e a autora utiliza um arsenal poético para escancarar feridas sociais e pessoais.
Com cada linha, Luiza Romão parece um alquimista da palavra, transformando traumas e dores em estandartes de luta e reflexão. Sua escrita é densa, ora confortável como um colo materno, ora cortante como um vidro quebrado. A sinestesia capturada em suas páginas desafia os limites do tangível, e você se encontra, sem aviso, confrontado por sensações tão viscerais quanto inebriantes.
Abraçar esse livro é abraçar uma luta que, inesperada e primitiva, pulsa em nosso âmago. Em um cenário onde pedras não são apenas objetos inanimados, mas símbolos carregados de história e resistência, o leitor se vê investido na missão de decode enclaves de significância em cada esquina da narrativa.
As ressonâncias de "Também guardamos pedras aqui" vão muito além de cada palavra impressa. Leitores movem-se entre opiniões divididas: uns o consideram um manifesto voraz necessário, enquanto outros acham sua profundidade perturbadora. Cada pedra lançada é, afinal, um espelho refletindo a multidimensionalidade humana e da sociedade. Somente aqueles com a suficiente valentia e curiosidade entenderão o que é mergulhar nas camadas não ditas da obra.
Inspirando-se apenas em Luiza Romão, que buscou navegar entre mares de questões não resolvidas, com o histórico repressivo socio-político do Brasil, cada página vira uma pulsação normativa que se transforma em grito. Romão tem a audácia de não disfarçar a dor de uma nação, e das costuradas cicatrizes pessoais que tecem nossa humana condição.
E ao comparar sua voz crescente com as penúltimas trending figures da poesia contemporânea, não é de se espantar que Romão já esteja sendo lida por uma geração desejosa de quebrar o silêncio. A intensidade visceral e o convite implícito à insurgência capturam não só mentes, mas corações dessa juventude ressonante.
É hora, então, de transformar a inação em metáforas de aço 🌪 e os silêncios em megáfonos poéticos. Que sejamos atingidos, pedra após pedra, até os corações retumbarem com a verdade azeitada da escrita de Luiza Romão, ecoando as tempestades que ousam silenciar.
Sentiu o tremor? Que na hesitação, floresça o insurrecto. É uma dança contorcida entre seus dedos, passando sem alarde entre os movimentos da alma e mente. Essa coletânea é uma pedra colossal lançada em águas calmas. E você, caro leitor, já se deu ao luxo de ser impactado? 🌌
📖 Também guardamos pedras aqui
✍ by Luiza Romão
🧾 64 páginas
2021
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