Táxi e Crônicas no Diário Nacional
Mário de Andrade
RESENHA

Mário de Andrade, uma das figuras mais emblemáticas da literatura brasileira, abre as portas do seu mundo em Táxi e Crônicas no Diário Nacional, uma obra que não se limita apenas a contar histórias, mas que nos joga em um turbilhão de reflexões, risos e, por vezes, lágrimas. Este texto é uma janela para a São Paulo dos anos 1930, uma cidade pulsante, que vive as transformações de um Brasil em ebulição. Andrade, com seu talento único, transforma o cotidiano em poesia pura, e cada crônica é um convite a sentir, a vivenciar.
Neste caldeirão cultural, o que se vê é uma sucessão de personagens que, como o próprio autor, transitam entre a realidade e a fantasia. Os taxistas, figuras centrais de suas narrativas, não são apenas motoristas; são provocadores de diálogos, portadores de histórias e, muitas vezes, retratos de um tempo e espaço únicos. Ao se lançar em uma corrida pela cidade, o leitor acaba por embarcar em algo muito mais profundo do que a mera descrição de trajetos. É como se cada volta em um quarteirão fizesse o coração da metrópole palpitarem com mais força.
Na prática, Táxi e Crônicas no Diário Nacional é um diário em movimento, que reflete a alma de uma nação em transformação. Andrade nos brinda com uma crítica mordaz e, ao mesmo tempo, cativante, sobre os costumes, as pessoas e a sociedade que habitam a cidade. Os leitores mais afiados perceberão nuances que, à primeira vista, podem passar despercebidas, mas que revelam as tensões sociais, as alegrias e tristezas que estão presentes em nossa vivência diária.
A nostalgia permeia a obra, permitindo uma conexão íntima com o que se foi e o que se tornou. Muitos leitores saúdam essa obra como uma respiração forte do Brasil de outrora, enquanto outros criticam o saudosismo excessivo. Há, no entanto, um consenso: Mário de Andrade tem uma habilidade inigualável em capturar a essência humana em cenários urbanos e, assim, emocionar através da simplicidade do cotidiano.
Alienado da adesão popular que merecia, o livro provoca uma reflexão sobre o papel do autor na sociedade e como suas crônicas moldam a percepção dele mesmo e do mundo ao redor. Cada página é uma celebração da linguagem, onde a musicalidade das palavras se entrelaça com ritmos e sons que ecoam nas ruas da cidade. Não é à toa que a obra influenciou escritores, músicos e artistas que viram em Andrade um farol de criatividade e originalidade.
A cada crônica, o leitor é desafiado a reconstruir sua própria visão do mundo, a ouvir as vozes que muitas vezes se perdem na correria do dia a dia. O texto ressoa como um grito de liberdade, um chamado à reflexão, um convite à empatia. Ler Mário de Andrade é, acima de tudo, um exercício de humanidade. Você está disposto a encarar essa viagem?
📖 Táxi e Crônicas no Diário Nacional
✍ by Mário de Andrade
🧾 480 páginas
2004
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