Teresa Benguela e Felipa Crioula Estavam Grávidas
Maternidade e escravidão no Rio de Janeiro 1830-1888
Lorena Féres da Silva Teles
RESENHA

Teresa Benguela e Felipa Crioula Estavam Grávidas: Maternidade e escravidão no Rio de Janeiro 1830-1888 é um mergulho visceral na complexa teia de relações que formavam o tecido social da sociedade carioca do século XIX. Com uma escrita poderosa, Lorena Féres da Silva Teles nos leva a refletir sobre a maternidade escrava, um tema que muitas vezes fica à sombra da história oficial. A obra não é apenas uma leitura; é um convite à compaixão e à luta contra a invisibilidade que ainda permeia a vida de muitas mulheres.
Neste livro, somos apresentados a Teresa Benguela e Felipa Crioula, figuras que nos revelam as dores e delícias da condição materna sob a brutalidade da escravidão. Ao atravessarmos as páginas, mergulhamos em suas histórias, quase tocando a pele quente e suada que enfrentava os horrores diários da opressão. A autora, com habilidade impressionante, compõe um mosaico de experiências que nos obriga a olhar para o passado com um novo prisma, desafiando preconceitos e iluminando questões que ecoam até hoje.
Teles não se furta a expor a crueldade da sociedade escravocrata, mas faz isso com uma sensibilidade que faz o leitor sentir cada lágrima derramada, cada sorriso arrancado de forma brutal. O livro é rico em detalhes, quase um documentário emocional que traz à tona as vozes silenciadas da história. A maternidade, aqui, se apresenta como um campo de batalha: um espaço de resistência, mas também de desespero.
Mas não para por aí! A obra provoca ainda um turbilhão de reflexões sobre a relação entre a maternidade e a identidade, o que faz com que muitos leitores se sintam invadidos por uma onda de empatia. As opiniões sobre o livro são diversas; muitos exaltam a pesquisa meticulosa e a forma como a autora humaniza suas protagonistas. Outros, no entanto, levantam críticas quanto à densidade do conteúdo, que pode parecer árido a quem não está acostumado a confrontar as feridas abertas da escravidão.
No entanto, não há como fechar os olhos para o impacto emocional que Teresa Benguela e Felipa Crioula Estavam Grávidas provoca. É uma obra que, ao mesmo tempo que enche o coração de dor, também acende a chama da esperança. Mulheres como Teresa e Felipa não são apenas nomes; elas são símbolos de uma luta que transcendeu gerações.
O que Teles faz com maestria é conectar esses relatos à nossa realidade contemporânea. Ao ler sobre a maternidade em um período de tanta opressão, somos confrontados com as desigualdades que ainda existem hoje. A autora não apenas narra fatos, mas provoca um choque de realidade, um convite à reflexão sobre quem somos e o que herdamos daquele passado.
Este livro é uma cápsula do tempo que nos transporta para um espaço onde o amor e a dor coexistem. Ao final da leitura, a certeza é uma só: a história da maternidade negra no Brasil é uma história que precisa ser contada, e Teresa Benguela e Felipa Crioula Estavam Grávidas é uma obra que faz isso com uma intensidade avassaladora. Deixe-se levar por essas palavras que ecoam as lutas de mulheres que, mesmo em meio à dor, encontraram formas de resistência e amor, e prepare-se para ver suas próprias convicções serem desafiadas.
📖 Teresa Benguela e Felipa Crioula Estavam Grávidas: Maternidade e escravidão no Rio de Janeiro 1830-1888
✍ by Lorena Féres da Silva Teles
🧾 368 páginas
2022
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