Triste fim de Policarpo Quaresma, Letícia Mallard
Triste fim de Policarpo Quaresma, de Letícia Mallard

Triste fim de Policarpo Quaresma

Letícia Mallard

RESENHA

Ler Triste fim de Policarpo Quaresma, de Letícia Mallard

Aos que se aventuram nas profundezas da alma do Brasil, "Triste fim de Policarpo Quaresma", escrito pelo magistral Lima Barreto, emerge como uma epopeia de sonhos despedaçados. Em suas 288 páginas, somos conduzidos por Letícia Mallard em uma edição que não só revisita como reconstrói cada nuance dessa tragédia pungente.

Um Brasil em metamorfose, fervilhando com as aspirações de uma recém-inaugurada República, é o cenário que Lima Barreto escolheu para expor a dura realidade dos patriotas idealistas. Policarpo Quaresma, um homem de coração puro e mente fervorosa, surge como um Dom Quixote tropical, lutando contra moinhos de vento invisíveis e intransponíveis. Sua paixão pelo Brasil, quase que uma obsessão, o levou a propor o Tupi-Guarani como língua oficial, acreditar na agricultura como redenção e defender um nacionalismo inocente, mas que se choca com a brutalidade da ignorância e corrupção.

Lima Barreto, um cronista implacável de seu tempo, nos oferece um retrato cru, visceral e atemporal de um país que insiste em destruir seus melhores filhos. Para compreendermos a profundidade da obra, é imprescindível mergulharmos no contexto histórico em que foi escrita: uma era de sonhos republicanos, mas de práticas ainda monarquistas, onde as elites políticas e econômicas jogavam um jogo de poder e prestígio, enquanto o povo, o verdadeiro Brasil, permanecia à margem.

Pungentes são os momentos em que Policarpo, desiludido, confronta a crueza da realidade. Sua morada em uma chácara, simbolizando um retorno idealizado às raízes da nação, revela-se uma armadilha de decepções e falências, tanto financeiras quanto emocionais. Barreto transporta o leitor para o epicentro do drama, fazendo-nos sentir na pele a angústia de Quaresma, um herói trágico que, a cada página, sucumbe às engrenagens implacáveis de uma nação ingovernável.

A edição de Letícia Mallard, publicada pela Autêntica, ganha uma relevância ainda maior ao resgatar não só a narrativa, mas o peso do que Policarpo Quaresma representa. É impossível não traçar paralelos com os dias de hoje, onde o Brasil, ainda em busca de sua identidade, parece perdido entre promessas e frustrações.

Comentários e opiniões dos leitores, sempre ricos em paixão e controvérsia, são unânimes em apontar "Triste fim de Policarpo Quaresma" como uma leitura essencial para entender a alma brasileira. Alguns críticos chamam Policarpo de ingênuo, outros o veem como um mártir, mas todos concordam: há uma profundidade e uma verdade tão intensas na obra de Barreto que negligenciá-la seria um crime contra nossa própria história.

Este livro não é apenas uma narrativa, é um grito surdo e dolorido de um país que teima em não aprender com seus erros. Policarpo Quaresma não é um personagem, é uma parte de todos nós, brasileiros, que sonhamos, lutamos e, muitas vezes, nos vemos esmagados pela realidade.

Ao final da leitura, a sensação é quase insuportável: uma mistura de compaixão e revolta, de esperança e desespero, de querer mudar uma nação que parece imutável. E é nesse tumulto de emoções que Lima Barreto, com maestria, nos faz perceber que "Triste fim de Policarpo Quaresma" não é apenas um livro; é um espelho que reflete nossas mais profundas contradições e, talvez, nossa maior tragédia: o sonho incessante de um Brasil melhor, eternamente adiado. 🌪

📖 Triste fim de Policarpo Quaresma - Lima Barreto

✍ by Letícia Mallard

🧾 288 páginas

2012

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