Verger. Um Retrato em Preto e Branco
Cida Nobrega
RESENHA

Verger. Um Retrato em Preto e Branco é muito mais do que um livro; é uma viagem emocionante ao âmago da vida de um dos mais icônicos fotógrafos brasileiros, Pierre Verger. Cida Nobrega, com sua prosa envolvente e apaixonada, não apenas narra a trajetória de Verger, mas mergulha nas sombras e luzes que compuseram sua existência, revelando os segredos por trás de suas lentes.
Nascido na França e acolhido pela Bahia, Verger torna-se um dos maiores documentaristas da cultura afro-brasileira. Através de sua visão única, ele captura a essência do sincretismo religioso, a vivência e a resistência de comunidades que, muitas vezes, foram marginalizadas pelo olhar apressado da história. Nobrega transforma o retrato de Verger em uma ode à diversidade, à integração e à luta de um povo que nunca deve ser esquecido. Assim, Verger não se limita a olhar o passado; é um chamado à consciência e à reflexão sobre a identidade cultural brasileira e suas complexidades.
Os leitores, ao se aventurarem por estas páginas, sentem a paixão que Verger tinha por sua arte, como se pudessem acompanhar os passos do fotógrafo em suas andanças pela África e pela Bahia, entrelaçando culturas, histórias e vidas. É impossível não se emocionar ao percorrer suas experiências, desde suas amizades com líderes religiosos até suas drásticas mudanças pessoais provocadas por sua busca incessante por autenticidade.
E por falar em emoções, a receptividade da crítica é um terreno fértil e polarizado. Muitos louvaram a capacidade da autora em mesclar o relato biográfico com o profundo contexto social e cultural de Verger, enquanto outros criticaram uma certa idealização de sua figura. De fato, a obra provoca reflexão: até que ponto devemos buscar heroísmos nas biografias, e onde traçamos a linha entre a realidade e a lenda?
Conforme descortinamos a vida deste fotógrafo, ficamos com um imenso desejo de ver as fotos que ilustram sua obra. Cabe ressaltar que Nobrega consegue, com maestria, traduzir em palavras a eloquência das imagens, e isso, por si só, é um feito monumental. A força das narrativas, aliada à expressividade de Verger, explode em uma sinfonia que reverbera nas páginas e salta aos olhos do leitor. A arte e a história não são apenas gravadas em papel; elas dançam, elas gritam, elas contam histórias que nunca devem silenciar.
O advento de Verger. Um Retrato em Preto e Branco coincidi com um momento de renascimento cultural no Brasil, onde temas sobre identidade, pertencimento e resistência cultural estão em constante discussão. Por isso, a leitura dessa obra ressoa ainda mais forte nos dias atuais, onde a busca por narrativas autênticas e humanas se faz necessária. Em tempos de polarização, os retratos que Cida Nobrega pinta nos leva a um lugar de reconciliação, empatia e, acima de tudo, compreensão.
Através de um estilo instigante e provocativo, sejam bem-vindos e encantados ao universo de Pierre Verger - onde cada fotografia é um grito, onde cada sombra revela a luz, e onde cada retrato nos lembra do que é ser humano. Não se trata apenas de ver; trata-se de sentir profundamente. 📸✨️
📖 Verger. Um Retrato em Preto e Branco
✍ by Cida Nobrega
🧾 481 páginas
2001
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