Vidros Quebrados
Machado de Assis
RESENHA

Vidros Quebrados é mais do que uma obra; é um espelho que reflete as nuances sombrias da alma humana, uma viagem ao labirinto de intrigas onde o amor e a traição dançam em um salão escuro. Ao entrarmos na cosmologia machadiana, tornamo-nos testemunhas da genialidade do autor que, com uma prosa refinada e cortante, escancara os conflitos internos e externos de seus personagens, revelando as múltiplas facetas da hipocrisia social.
Talvez você sinta um frio na espinha ao confrontar a realidade proposta por Machado de Assis, onde os personagens se desenham em estruturas psicológicas intrincadas, manchadas por desejos ocultos e angústias profundas. As palavras do autor não são apenas letras em uma página: são sinapses que pulsando em sua mente, te levam ao âmago da condição humana. Através de uma lente crítica, ele desmantela a superficialidade das relações e provoca um desejo insaciável de autoconhecimento. O que você vê - ou acredita ver - está, na verdade, imerso em ilusões.
Os leitores não contêm seu entusiasmo e raiva, travando batalhas epistolares nas críticas que rodeiam o livro. Alguns o consideram uma obra-prima da literatura nacional, reconhecendo a sagacidade de Machado ao retratar a sociedade de sua época. Outros, mais céticos, questionam a obscuridade de algumas passagens, ressaltando a complexidade das camadas narrativas que podem se perder em uma tradução apressada de suas intenções. Essa polarização é o que torna Vidros Quebrados um ímã para discussões apaixonadas e debates acalorados.
Como reflexo de uma época - o Brasil do século XIX, engolfado pela transição entre o colonialismo e a modernidade - a obra carrega em si os ecos de um país em metamorfose. Não é apenas uma narrativa: é uma crítica mordaz a normas, valores e a moralidade que rege as relações pessoais e sociais. Ao fazer isso, Machado não hesita em expor a fragilidade das máscaras que usamos no dia a dia. O passado e o presente se entrelaçam, e ao ler, você se vê compelido a questionar: até que ponto as vidraças de minha própria vida são fracas e transparentes?
Ao longo das páginas, a sensação de déjà vu é inerente; cada personagem é um arquétipo de dúvidas e anseios que você encontra em seu círculo íntimo. O amor, humano e falho, emerge como uma força avassaladora, mas também devastadora. Prepare-se para as reviravoltas que vão manter seus sentidos aguçados e seu coração acelerado.
Ao final, Vidros Quebrados não nos oferece respostas fáceis. Ao contrário, cada linha incendiária do texto pode provocar transformações nesse estado de conservação do que somos. Você não será o mesmo após mergulhar nessa leitura; algo dentro de você mudará, uma reflexão se acenderá. E é assim que Machado de Assis apresenta sua maestria: como um artista do espírito, ele não só nos narra, mas nos redefine.
Portanto, não subestime a profundidade de Vidros Quebrados. A única certeza é que, ao fechar o livro, haverá uma história ecoando em sua mente que exigirá um novo olhar sobre a realidade. 💔
📖 Vidros Quebrados
✍ by Machado de Assis
2012
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