A cidade dos mortos no Jardim de Conceição
Discursos higienistas e a construção do Cemitério Público de Jardim do Seridó (1916-1926)
Luana Barros de Azevedo
RESENHA

Meramente um cemitério? Não, estamos falando de um espaço onde a história e o passado se entrelaçam com as questões mais espinhosas da sociedade. A cidade dos mortos no Jardim de Conceição: Discursos higienistas e a construção do Cemitério Público de Jardim do Seridó (1916-1926), de Luana Barros de Azevedo, é uma obra que te arrasta para dentro de um laboratório social onde vidas, mortes e ideais se confrontam em um épico silencioso.
O livro, que se destaca pela sua pesquisa meticulosa, é um convite para pensarmos sobre o que significa conviver com a morte. Azevedo não se contenta em descrever a criação de um cemitério; ela destrincha as intersecções de discursos higienistas que moldaram a sociedade de seu tempo. Em uma época marcada por um progresso que carregava em si uma contradição brutal, o espaço destinado aos mortos se torna um microcosmo da luta por saúde, ordem e moralidade. Ao navegar por essas páginas, você será confrontado com a crueza de um passado que ainda ecoa em nossas vidas.
Os leitores têm se manifestado com opiniões fervorosas. Alguns se deixam levar pela habilidade da autora em conectar o desenvolvimento urbano e o conceito de vida e morte, enquanto outros questionam a profundidade das análises. É precisamente essa tensão que faz a leitura ser uma experiência arrebatadora. A crítica ao sanitário e à gestão das mortes revela um pano de fundo posicionado entre a aversão à doença e a busca pela "civilização", fazendo com que o leitor repasse suas próprias percepções sobre o que significa viver e morrer em sociedade.
Sabe aquela sensação de desconforto que você sente ao encarar a realidade da morte? Luana pega essa emoção e a transforma em reflexão contundente. Ao explorar como as políticas públicas influenciam a nossa visão sobre os mortos, ela não apenas nos obriga a olhar para o lado sombrio da história, mas também a reconhecer seu papel na construção do presente. É um apelo à empatia, à solidariedade, destacando que, no final das contas, todos nós somos apenas visitantes temporários neste planeta.
As páginas deste livro são um convite ao enfrentamento. Ao absorver os discursos que moldaram a criação do cemitério, você não sairá ileso. Azevedo lança luz sobre os discursos que tentam varrer a morte para debaixo do tapete, revelando como isso impacta políticas públicas e, consequentemente, a vida de todos. Este texto não se resume a uma obra acadêmica; é um manifesto que te incita a repensar o que estamos fazendo com nosso legado - tanto o dos que vieram antes, quanto o que deixaremos para os que ainda virão.
Se você se considera um amante da história, da sociologia ou simplesmente busca mergulhar em uma reflexão profunda sobre a vida e a morte - esta leitura é imperdível! Os ecos do passado reverberam em nós, e você está prestes a descobrir a importância de não apenas entender a cidade dos mortos, mas também a cidade onde você vive.✨️
📖 A cidade dos mortos no Jardim de Conceição: Discursos higienistas e a construção do Cemitério Público de Jardim do Seridó (1916-1926)
✍ by Luana Barros de Azevedo
🧾 72 páginas
2019
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