A duração da pessoa
Mobilidade, parentesco e xamanismo mbya (guarani)
Elizabeth Pissolato
RESENHA

A duração da pessoa: Mobilidade, parentesco e xamanismo mbya (guarani) é uma obra que vai muito além do simples relato etnográfico. Ao mergulhar nas intrincadas relações do povo Guarani Mbya, Elizabeth Pissolato tece uma tapeçaria rica em significados, que vai te arrebatar e obrigar você a repensar os laços que unem a cultura, a identidade e a espiritualidade. É um convite a refletir sobre o que significa realmente ser parte de um grupo, de uma história e de um legado.
Ao longo de suas 448 páginas, Pissolato nos apresenta uma análise profunda da mobilidade desse povo e de como seu modo de vida é permeado por um ancestral xamanismo que dita não apenas suas práticas espirituais, mas também suas relações familiares e sociais. Aqui, a duração da pessoa, um conceito que parece tão individual em nossa sociedade ocidental, se entrelaça com a coletividade, revelando como a identidade é moldada e transformada pelas interações com o meio ambiente e com o outro.
Os leitores já refletiram em suas críticas sobre a capacidade da autora em trazer à tona uma voz que muitas vezes é silenciada. "Uma leitura essencial que vai na contramão da visão romantizada dos povos indígenas", diz um dos comentários que ressoa nas páginas virtuais. Outros, porém, questionam a abordagem rigorosa da autora, alegando que isso pode afastar o leitor comum. Mas é exatamente essa ousadia que torna a obra tão vital - ela desmistifica e expõe.
A obra não apenas serve como um registro, mas também como uma chamada à ação. Pissolato não tem medo de cutucar feridas abertas da nossa própria sociedade, trazendo à luz a necessidade de uma reavaliação profunda de conceitos como parentesco e pertencimento no mundo moderno. Ao se deparar com a riqueza cultural dos Guarani Mbya, você será impelido a confrontar seus próprios valores, conceitos de família e da efemeridade da vida.
Pense nas palavras de Pissolato como um eco que ressoa: cada movimento, cada ritual, cada história contada não é apenas um fragmento da cultura Guarani, mas uma representação de como nós, enquanto sociedade, nos movemos, nos relacionamos e, muitas vezes, nos distanciamos. O impacto emocional que essas reflexões trazem é inegável. Da alegria das celebrações à dor da perda, você vai sentir na pele a intensidade da experiência humana.
Através de um olhar crítico e ao mesmo tempo apaixonado, A duração da pessoa não é uma obra que se lê apenas; é uma obra que se vive. Ao final, você pode até sentir que não leu um livro, mas que na verdade, foi parte de uma vivência coletiva que transcende o tempo e o espaço. E é isso que a torna indispensável para quem busca entender a complexidade das relações humanas sob a ótica de culturas que têm tanto a nos ensinar.
Em suma, este livro não se restringe a um campo acadêmico; ele é uma jornada emocional que vai fazer você questionar a sua própria definição de ser, pertencimento e a efemeridade da vida. Não perca a chance de mergulhar nessa experiência única e transformadora.
📖 A duração da pessoa: Mobilidade, parentesco e xamanismo mbya (guarani)
✍ by Elizabeth Pissolato
🧾 448 páginas
2007
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