A máquina parou
Seguido de paisagem com risco existencial
E.M. Forster
RESENHA

A máquina parou: seguido de paisagem com risco existencial, de E.M. Forster, é uma obra que se despedaça sob a luz do nosso tempo, fazendo ecoar as inquietações de uma sociedade aprisionada em suas próprias criações. Ao adentrar nesta narrativa, o leitor não apenas observa - ele é lançado em um abismo de reflexões sobre a vida moderna, a solidão e a desconexão humana. Forster, com sua escrita penetrante, constrói um futuro distópico em que seres humanos tornam-se meros fantoches de uma máquina que lhes provê tudo, menos conexão genuína.
Nosso protagonista, Vashti, vive em um mundo onde o conforto é absoluto, mas a essência do ser humano se evapora como um vapor invisível. O que acontece quando toda a nossa existência é mediada por uma máquina? Forster revela, com maestria, que a tecnologia, longe de ser um mero facilitador, pode se transformar em um opressor silencioso, uma prisão sem grades. É um alerta que reverbera alto contra a anestesia que as inovações prometem: é preciso sentir para existir.
A abordagem de Forster é quase clínica. Ele analisa as interações humanas sob uma lente fria e crítica, expondo as fraquezas de um sistema que finge oferecer tudo, enquanto rouba a própria humanidade. É aqui que a obra se torna um grito angustiante, uma mistura de horror e reflexão que nos confronta com nossos próprios hábitos. Os leitores se veem compelidos a perguntar: até onde estamos dispostos a ir em nome da comodidade?
As opiniões sobre o livro são polarizadas. Enquanto alguns leitores falam da prosa elegante e da visão premonitória de Forster, outros criticam a falta de ação e a aparente frieza dos personagens. Essa divisão nos faz refletir sobre a relevância das emoções em um mundo que frequentemente prioriza a eficiência sobre a empatia.
E, ao final dessa jornada, surge um eco profundo: o que faremos com as lições de A máquina parou? A obra não oferece respostas definitivas, mas provoca uma mudança de mentalidade. A cada página, Forster nos confronta, nos obriga a encarar a possibilidade de que, ao nos deixarmos levar pela maré da tecnologia, podemos estar sacrificando não apenas a nossa liberdade, mas a essência do que significa ser humano.
Se há algo que A máquina parou nos ensina, é que o contato humano não pode ser substituído - e que a verdadeira ligação entre os indivíduos é a única máquina capaz de nos gerar esperança em um mundo cada vez mais isolado. Poético ou trágico? Essa é a beleza da obra de Forster: ele insiste que a escolha é sua, mas o dilema, inevitável. 🌀
📖 A máquina parou: seguido de paisagem com risco existencial
✍ by E.M. Forster
🧾 104 páginas
2018
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