Bartleby, o escrevente
Uma história de Wall Street (Capa Dura)
Herman Melville
RESENHA

"Bartleby, o escrevente: Uma história de Wall Street" é mais do que uma simples narrativa; é um grito existencial que reverbera nas hipotecas emocionais e nas demandas impiedosas da sociedade moderna. Herman Melville, com sua prosa afiada e contundente, nos apresenta Bartleby, uma figura enigmática e emblemática que nos provoca a confrontar a rotina opressiva do trabalho e as sombras da indiferença humana.
A história se desenrola numa Nova York em plena ebulição econômica, onde o protagonista, um escriba inexpressivo, se recusa a se dobrar às expectativas da sociedade e, mais notavelmente, aos desejos de seu chefe. "Prefiro não fazer", essa frase, aparentemente simples, se torna uma revolução silenciosa que desafia todo um sistema. A resistência de Bartleby a participar da vida corporativa é um espelho cruel que reflete o desespero e a alienação de tantos que se veem aprisionados em suas rotinas desgastantes.
Melville não apenas traça o retrato de um homem que se recusa a se conformar; ele também nos obriga a refletir sobre o que significa viver sob as garras do capitalismo. As opiniões sobre a obra são polarizadas. Muitos aclamam o seu poder de tocar em questões profundas da condição humana, enquanto outros a consideram uma leitura árida e desinteressante. Mas a verdade é que Bartleby transcende a página. A história provoca uivos de revolta e compaixão, um convite a olhar para nós mesmos e para a sociedade que moldamos.
O autor, que ainda busca a crítica de sua época e ecoa as angústias do homem moderno, foi influenciado por suas próprias experiências em ambientes de trabalho opressivos. Sua obra ecoa nas vozes de escritores e pensadores que vieram a seguir, como Franz Kafka e Albert Camus, que também exploraram a luta do indivíduo contra as forças desumanizadoras da sociedade. Não é à toa que muitos se veem refletidos nos olhos desgostosos de Bartleby.
Ao longo da narrativa, o leitor é envolvido em um labirinto de angústia e indiferença, se perguntando até onde a sociedade nos empurra em nossa busca por produtividade e conformidade. A questão-chave se revela: quando a obediência cega se torna um perigo? Bartleby, com sua recusa silenciosa, se transforma em um símbolo da resistência à exaustão moderna, um hino à liberdade de ser, mesmo que isso signifique ostracismo.
Ao término desta obra singular, fica um eco perturbador: será que você é um Bartleby em um mundo que demanda incessantemente mais? Ou será que você sucumbiu sob a pressão de se conformar? "Bartleby" é uma obra-prima que ressoa com os dias atuais e, ao girar essa chave da reflexão, se torna indispensável para qualquer um que, assim como Bartleby, já pensou em simplesmente dizer "não". Com certeza, esse pequeno grande livro é um convite urgente para uma conversa franca sobre o que realmente significa ser humano em tempos de desumanização e produtividade.
📖 Bartleby, o escrevente: Uma história de Wall Street (Capa Dura)
✍ by Herman Melville
🧾 152 páginas
2015
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