Memórias póstumas de Brás Cubas - Coleção Acervo
10
Machado de Assis
RESENHA

Memórias póstumas de Brás Cubas é uma obra que não apenas reluz com a genialidade de Machado de Assis, mas explode em significados que reverberam através do tempo e do espaço, provocando uma reflexão profunda sobre a condição humana. Ao abrir suas páginas, você é imediatamente lançado a um universo onde o protagonista, um defunto irônico e perspicaz, nos conta sua história do além, transcende a linha entre o que é vida e morte. Essa narrativa, escrita com o pincel da crítica social e do humor mordaz, é uma verdadeira ode à dúvida e à sátira.
Brás Cubas, ao narrar suas memórias póstumas, revela uma sociedade marcada pela hipocrisia, pelas relações superficiais e pelas ilusões de grandeur. Ele se propõe a contar tudo o que não poderia ter dito em vida, desnudando a essência do ser humano em suas fraquezas, vaidades e desejos. Cada página é um soco no estômago, uma chamada à consciência para que você não apenas leia, mas sinta. A estrutura não linear da obra se assemelha a um quebra-cabeça que, quando montado, revela a crueza da realidade, misturada às esperanças e frustrações de uma existência efêmera.
Os ecos do século XIX, quando a obra foi escrita, se fazem presentes, refletindo um Brasil pós-abolição e pré-republicano, onde as classes sociais se entrelaçam em um baile de máscaras. Através de personagens icônicos como Dona Plácida e Quincas Borba, Machado não só narra uma história, mas constrói um microcosmo das interações humanas, onde a ambição e a traição dançam em um frenesi indesejado.
Ao longo dos anos, "Memórias póstumas" influenciou uma plêiade de escritores, de Clarice Lispector a Jorge Amado, que se deixaram inspirar por essa prosa revolucionária. A obra é um verdadeiro divisor de águas, capaz de deixar marcas profundas naqueles que se aventuram em suas páginas. Opiniões a respeito dela são tão vívidas quanto a própria narrativa: muitos a consideram a obra-prima de Machado, enquanto outros, incapazes de penetrar em sua ironia fina, a veem como um enigma. Como o próprio Brás Cubas diria, "a vida é um sonho, e os mortos são os que têm mais razão."
Ao refletirmos sobre "Memórias póstumas de Brás Cubas", é impossível não sentir um frio na espinha. O que a literatura nos ensina? Quais são os limites da vida e da morte? Este livro, mais do que uma leitura, é uma experiência transformadora que deve ser saboreada até a última gota. Ao virar cada página, você descobre que Machado não está aqui apenas para contar uma história; ele está aqui para desafiar suas convicções, para questionar sua realidade. E, quando tudo parece perdido, ele sussurra em seu ouvido: "Viver é um ato de coragem."
Então, não se deixe enganar pela leveza da prosa. A profundidade dessa obra é como um abismo que aguarda sua coragem para se lançar, questionando a sociedade ao seu redor e, acima de tudo, a si mesmo. Você pode muito bem encontrar suas próprias memórias póstumas entre as palavras de Brás Cubas. O convite está feito; você aceita?
📖 Memórias póstumas de Brás Cubas - Coleção Acervo: 10
✍ by Machado de Assis
🧾 336 páginas
2019
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