O doente imaginário
Molière
RESENHA

Quando Molière decidiu escrever O doente imaginário, ele não estava apenas criando mais uma comédia. Ele estava, na verdade, inaugurando um verdadeiro manifesto contra a hipocrisia da medicina e a manipulação da saúde. Nesse contexto, a obra não só entreteve, mas também desnudou os interesses escusos que permeiam a prática médica, colocando em evidência a fragilidade humana diante da busca pela cura.
Adentrar nesse jogo teatral, que foi escrito em 1673, é como mergulhar em uma época onde a medicina era cercada de misticismo e charlatanismo. O protagonista, Argan, um hipocondríaco que se vê cercado de supostos males, representa a figura do doente por conveniência, aquele que tem mais a ganhar ao ser visto como enfermo do que ao se curar. O tom irônico de Molière instiga o riso, mas também provoca reflexão. Até que ponto você se deixa levar pelos discursos que cercam sua saúde?
Os comentários dos leitores revelam uma conexão visceral com a obra. Muitos enaltecem a capacidade de Molière em misturar crítica social e humor de forma tão magistral. A hilaridade envolve o público, mas as críticas incisivas sobre a medicina fazem o espectador perguntar a si mesmo: será que estamos cercados de "médicos" que, assim como Toinette, a astuta criada de Argan, fazem de tudo para abrir os olhos do protagonista, mas são incapazes de ver além de suas próprias agendas?
As passagens estão repletas de diálogos ágeis e situações cômicas que evocam risadas estrondosas, mas também um leve desconforto. O gênio de Molière brilha ao traçar com precisão o perfil de cada personagem, desde o cínico médico Purgon até a manipuladora Béline, que se revela mais interessada na fortuna de Argan do que em sua saúde. A teatralidade do enredo transcende o palco, tornando-se uma reflexão sobre relações humanas e as interações muitas vezes superficiais.
Em tempos onde a saúde é um monopólio de informação assim como em séculos passados, O doente imaginário se apresenta como um convite ao questionamento. O leitor se vê empurrado a analisar as informações que recebe e a desconstruir mitos sobre o que é realmente estar doente. Sentimos a força de Molière quando percebemos que sua crítica ressoa com mais força a cada geração.
Por fim, a obra não é só uma apresentação de tipos cômicos, mas sim uma análise profunda e muitas vezes dolorosa sobre a saúde e a condição humana. Molière se tornou, sem dúvida, um dos grandes mestres do teatro porque soube unir o riso ao chacoalhar das certezas, e esta obra, em particular, continua a impactar e inspirar. O convite está feito: arrisque-se a entrar no mundo de Argan e descubra se você também não é um doente imaginário à espera de um soco na cara da realidade!
📖 O doente imaginário
✍ by Molière
🧾 144 páginas
2010
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