O jogo da amarelinha
Julio Cortázar
RESENHA

Na obra O Jogo da Amarelinha, Julio Cortázar nos lança em um universo onde as regras do tempo e do espaço são desafiadas, e a realidade se entrelaça com a fantasia de maneiras que você nunca pensou serem possíveis. Com toda a audácia de um maestro, Cortázar tece uma narrativa que flutua entre as vidas de seus personagens, obrigando você a questionar não apenas a linearidade da história, mas, acima de tudo, a própria essência da existência.
O autor argentino, um dos pilares da literatura do século XX, brinca com a estrutura tradicional do romance, fazendo com que você navegue pelas páginas ávidas de incertezas e descobertas. A história, que orbita em torno de Horacio Oliveira, um intelectual expatriado, nos leva a Buenos Aires nos anos 1950, em um cenário pulsante de cultura e política. Aqui, Cortázar nos apresenta um emaranhado de personagens intrigantes, cada um com suas particularidades e dilemas, que se entrelaçam de forma tão intensa que você se sentirá parte de um jogo onde cada movimento tem seu peso e relevância.
As teclas do jogo, que são as cartas de um baralho e os diferentes caminhos da vida, orientam suas jogadas, e refletindo sobre suas escolhas, você não consegue evitar um choque de realidade. A cada capítulo, o autor desconstrói o que você acha que sabe sobre amor, solidão e as intricadas relações humanas. Os diálogos carregados de lirismo e ironia vão estimular sua mente, enquanto as passagens poéticas incitam uma reflexão profunda sobre a condição humana e a busca pelo sentido em um mundo caótico.
Leitores mais críticos encontram grande valor nessa obra monumental, mas não se engane: o estilo fragmentado e a multiplicidade de vozes não são para os fracos de coração. Há quem critique a dificuldade em seguir a narrativa, argumentando que o excesso de liberdade pode alienar o leitor. Contudo, nessa mesma linha, outros exaltam a ousadia de Cortázar, reconhecendo-o como precursor do realismo mágico, ao mesmo tempo em que desafia você a ultrapassar as barreiras da literatura convencional.
Prepare-se para um turbilhão de emoções ao seguir Oliveira em sua jornada de autoconhecimento e desilusão. O jogo não é apenas uma simples passatempo; ele coloca em xeque suas próprias expectativas sobre a vida e suas certezas. Em um mundo cada vez mais previsível, as provocações de Cortázar fazem você querer reler cada parágrafo, absorvendo cada nuance, cada significado oculto.
Decisões são cruciais, e a dicotomia entre a razão e a emoção é explorada com maestria. Ao longo do caminho, você encontrará ecos de pensadores que influenciaram Cortázar, como Kafka e Borges, e isso só intensifica a experiência da leitura. Você vai sentir a urgência de discutir esses conceitos com amigos e fazer parte desse diálogo contínuo que o autor propõe.
Ao final do livro, não há final. Os caminhos se entrelaçam, e o ciclo continua, obrigando você a refletir sobre suas próprias escolhas e a incessante busca por um significado que muitas vezes parece estar além de nossas mãos. O Jogo da Amarelinha não deixa você só; ele aumenta sua percepção do mundo, instiga seu pensamento crítico e, acima de tudo, envolve seu coração em uma dança literária fascinante. Não surpreendentemente, muitos críticos e leitores aclamam esta obra como uma das mais relevantes e provocativas da literatura contemporânea.
Agora, a pergunta que não quer calar: você se atreve a entrar nesse jogo? Cada página exala a promessa de uma transformação, de uma nova visão sobre a vida e suas complexidades. Você não vai querer ficar de fora dessa experiência única.
📖 O jogo da amarelinha
✍ by Julio Cortázar
🧾 861 páginas
2019
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