O Velho da Horta
Quem tem Farelos? Auto da Índia 139
Gil Vicente
RESENHA

O Velho da Horta: Quem tem Farelos?: Auto da Índia: 139 é uma obra que não apenas tece as tramas do cotidiano, mas também evoca o profundo impacto social e psicológico que as figuras caricatas da sociedade portuguesa do século XVI podem ter sobre nós, contemporâneos. Gil Vicente, um mestre do teatro renascentista, se transforma aqui em um espelho que reflete a hipocrisia e a ganância humanas, revelando a essência das relações e a verdadeira face do ser humano, tudo isso com uma escrita tão impactante que pode deixar você sem fôlego.
Este auto, assim como muitos de sua vasta obra, insere-se em um contexto histórico onde a transição do medieval para o moderno é palpável, abrindo as portas para a crítica social disfarçada de comédia. Nas suas páginas, o leitor se depara com personagens que, mesmo em meio a um cenário de riso, trazem à tona questões éticas e morais que reverberam até os dias de hoje. A figura do velho que não apenas cultiva uma horta, mas também assume o papel de um sábio que observa e critica a sociedade, é emblemática. É uma representação clara da luta entre o valor real das coisas e a superficialidade que muitas vezes toma conta do mundo contemporâneo.
O que faz O Velho da Horta ser uma leitura obrigatória é a sua capacidade de provocar a reflexão. Gil Vicente não hesita em expor as falhas humanas, a avareza, a hipocrisia religiosa e a corrupção, todos elementos que, como um veneno sutil, corroem os laços sociais. Ao longo de suas frases, você vai sentir a urgência dessa crítica, que ressoa como um alerta ecoando nas profundezas da consciência coletiva.
🌟 Os leitores, em sua maioria, são unânimes em ressaltar a profundidade da obra, mas não sem divergências. Alguns a consideram uma roupagem antiquada, enquanto outros veem nela uma modernidade impressionante. As opiniões contrastantes refletem a complexidade de Gil Vicente, que ainda é capaz de provocar questões pertinentes sobre a ética em tempos de crise.
A estrutura do auto, repleta de diálogos rápidos, humor ácido e personagens que parecem ganhar vida, seduz qualquer um que se disponha a folhear suas páginas. Não é apenas uma representação artística do passado, mas uma poderosa ferramenta para entender quem somos. Ser influenciado por Vicente é, de certa forma, ser chamado a uma introspecção que pode transformar sua visão de mundo. A forma como ele entrelaça humor e crítica social provoca um turbilhão emocional que pode te deixar reflexivo por dias.
Cada cena, cada personagem, é um convite para que você, leitor, examine suas próprias crenças e valores. Você se verá indagando sobre suas próprias "hortas". Quais são seus farelos? Quais valores você cultiva entre as ervas daninhas da vida?
Por tudo isso, O Velho da Horta não é apenas uma obra que você lê; é uma experiência que te transforma. Os ecos de Gil Vicente reverberam, e ao final, fica a certeza de que é impossível sair da leitura a mesma pessoa que entrou. Não perca a oportunidade de se deixar levar por essa viagem ao passado, e mais importante, por uma viagem ao interior de si mesmo.
📖 O Velho da Horta: Quem tem Farelos?: Auto da Índia: 139
✍ by Gil Vicente
🧾 142 páginas
2007
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