Os sertões
Euclides da Cunha
RESENHA

Os Sertões, obra-prima de Euclides da Cunha, não é apenas uma leitura; é uma imersão nos abismos e alturas da alma brasileira, uma viagem intensa que te arrasta para o centro de um dos conflitos mais impactantes da nossa história: a Guerra de Canudos. Ao folhear suas páginas, não apenas se depara com uma prosa magistral, mas também se confronta com as feridas abertas de uma nação.
Neste relato fascinante e angustiante, Euclides da Cunha, que se destacou como sociólogo, jornalista e escritor, desvenda os mistérios do sertão nordestino. Ele traz à tona um retrato vívido e estrondoso da vida sob o sol abrasador, da luta pela sobrevivência e da resistência do povo sertanejo. Ao longo das 704 páginas, somos apresentados a um microcosmo onde a brutalidade da guerra e a beleza do cotidiano se entrelaçam de maneira lastimável.
Te convido a sentir a poeira nas páginas, a ardência do sol que resseca a terra e a determinação de homens e mulheres que, mesmo diante da adversidade, lutaram com todas as suas forças por um ideal. A narrativa de Euclides é um épico que expõe a complexidade das relações sociais e políticas no Brasil do final do século XIX. É um convite à reflexão sobre quem somos, de onde viemos e, sobretudo, para onde vamos.
E se pensar que essa obra é só um relato histórico, que engano! Os Sertões transcende a mera objetividade e adentra o campo do existir, desnudando o Brasil em suas contradições. É um chamado à empatia, à solidariedade e ao entendimento do outro. Ao abordar a figura de Antonio Conselheiro, líder carismático e controverso de Canudos, somos compelidos a questionar: O que é um líder? Quais as suas responsabilidades? Aqui, a figura de Conselheiro ecoa como uma sombra que nos provoca, que instiga nossa curiosidade sobre os sistemas de crença e a luta incessante por dignidade.
Os leitores são divididos em suas opiniões. Para alguns, a escrita poderosa de Euclides é uma lufada de ar fresco e um grito de alerta sobre a repetição histórica da opressão e do preconceito. Outros, no entanto, veem sua abordagem como excessivamente romantizada, descolada da realidade. As discussões sobre a obra são acaloradas e fervorosas, refletindo a complexidade de sua análise.
Diante de tudo isso, você sente o chamado? A cada capítulo, uma nova camada de entendimento sobre o Brasil é descascada. A conexão de Euclides com o sertão não é apenas geográfica, mas existencial. Ele não nos apenas narra; ele nos instiga a sentir, a refletir e, principalmente, a não esquecer. Rogério Gomes, um crítico contemporâneo, afirmou que "ler Os Sertões é um ato de resistência". Você está preparado para essa resistência?
Os Sertões não se limita a um contexto histórico: ele ressoa em tempos atuais, onde a luta pela voz e pela dignidade continua em várias frentes. Se você ainda não mergulhou nessa obra, está perdendo uma oportunidade valiosa de compreender não apenas o passado, mas o presente que te cerca. A literatura, como a vida, convoca todos a refletir, mudar, e transformar-se. E Euclides da Cunha é um dos mais fervorosos porta-vozes de que isso é absolutamente possível.
📖 Os sertões
✍ by Euclides da Cunha
🧾 704 páginas
2019
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